quinta-feira, 14 de junho de 2012

Cálculo mede impacto do padrão de consumo dos paulistas


Cientistas sequenciam genoma do bonobo

Um grupo de cientistas de várias nacionalidades completou o sequenciamento do genoma do bonobo, o "parente" vivo mais próximo ao homem, junto com o chimpanzé, embora seja mais pacífico, brincalhão e promíscuo sexualmente.

Trata-se do sequenciamento do último grande símio que restava analisar, já que o chimpanzé foi sequenciado em 2005, o orangotango, em 2011 e o gorila em 2012.

Com o processo, foram obtidas informações detalhadas da base genética das relações evolutivas dessas espécies e seu grau de semelhança com o homem, explicou à Agência Efe o chefe do grupo de Genômica de Primatas do Instituto de Biologia Evolutiva (UPF-CSIC), Tomàs Marquès-Bonet.

O estudo, que amanhã será publicado na revista "Nature", tem como objetivo buscar as bases genéticas que ajudem a explicar as diferenças de comportamento entre bonobos e chimpanzés.

Ao todo, participaram do projeto 20 laboratórios de oito países coordenados por Kay Pruefer e Svante Paabo, do instituto Max Planck de Leipzig (Alemanha).

Para a pesquisa foi sequenciado o genoma de Ulundi, uma fêmea bonobo do zoológico de Leipzig. A comparação de seu genoma com o mapa genético de chimpanzés e de humanos reflete que ambas as espécies diferem do homem aproximadamente em 1,3% de seu genoma, enquanto bonobos e chimpanzés estão mais estreitamente relacionados, em 99,6%.
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USP abre inscrições para Mestrado Profisisonal em Biotecnologia

A Universidade de São Paulo (USP), a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e o Centro de Educação do Hemocentro de Ribeirão Preto (CEDUC), estão com inscrições abertas para o processo seletivo de Mestrado Profissional em Biotecnologia.

São oferecidas 20 vagas e as inscrições deverão ser realizadas, pessoalmente, até o dia 20 de Junho, de segunda a sexta-feira, exceto feriados, das 8h às 12h30 e 13h30 às 17h, na Rua Clovis Vieira, casa 27 (campus da USP).

A taxa de inscrição é de R$ 50,00. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail raquelbotelho@hemocentro.fmrp.usp.br ou no portal do CEDUC http://www.hemocentro.fmrp.usp.br/ceduc/ e pelo telefone 16.3602-4603

Biodiversidade é a bola da vez nos debates sobre o desenvolvimento sustentável.

ONU chamou atual década de 'década da biodiversidade'.A biodiversidade é a bola da vez nos debates sobre o desenvolvimento sustentável. O conceito define a variedade entre os seres vivos de todo o planeta. Defender a biodiversidade significa, portanto, evitar a extinção de espécies de todos os tipos, sejam plantas ou animais, aquáticos ou terrestres.
Em abril de 2012, foi aprovada a criação de um grupo de estudos direcionado para o tema dentro das Nações Unidas, nos moldes do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês).
Para a ONU, o período entre 2011 e 2020 é a “década da biodiversidade”. Em 2010, durante uma conferência em Nagoia, no Japão, foram traçadas 20 metas de biodiversidade, que precisam ser atingidas até 2020. Elas ficaram conhecidas como as “metas de Aichi”, nome da província japonesa onde fica a cidade.

Grande Barreira de Corais, na Austrália. Local abriga grande biodiversidade e pode sofrer com a alteração da temperatura dos oceanos (Foto: Divulgação / The Catlin Seaview Survey)
Entre os objetivos estratégicos principais, os signatários do acordo se comprometeram a fazer com que a população absorva os valores da biodiversidade e tomem medidas para preservá-la.
A grande questão para os cientistas reunidos no Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), é como alcançar a sociedade e mostrar a importância da preservação das espécies.

“O que eu espero firmemente é que as pessoas acordem antes que aconteça algo realmente ruim para acordá-las”, afirmou Thomas Lovejoy, presidente do Painel de Avaliação Técnica e Científica do Fundo Global para o Meio Ambiente.
“Estamos numa época em que a humanidade começa a ser a maior força de mudança do planeta”, explicou Lidia Brito diretora da Divisão de Implementação de Políticas da Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas (Unesco, na sigla em inglês).
“Significa que a responsabilidade da humanidade, individual e coletiva, de tomar conta desse sistema terrestre, que é o nosso planeta, ela aumenta muito”, completou.
A cientista moçambicana afirmou que o ser humano precisa agir com responsabilidade e reconhecer que os recursos do planeta são finitos. Essa atitude evitaria problemas mais graves, ainda difíceis de prever.
“Se nós queremos manter as civilizações humanas como as conhecemos, como parte do sistema terrestre, então nós temos que ter atenção às fronteiras planetárias, porque elas podem iniciar um processo de mudança que é incerto”, argumentou.
Ela disse ainda que, apesar do caráter de incerteza, os sinais das mudanças já são suficientemente claros. “As comunidades de pescadores já estão sentindo. Eles já têm menos peixe, o peixe já está menor. Já não é distante”, exemplificou.
Biodiversidade e economia
No Brasil, cientistas mostram que a preservação da biodiversidade pode render, inclusive, melhoras diretas na economia.
Felipe Amorim, pesquisador da Universidade de Campinas (Unicamp), apresentou no Fórum as vantagens da manutenção das abelhas em áreas usadas para o plantio – os insetos espalham o pólen e proporcionam o nascimento de novas plantas. Ele mencionou uma pesquisa recente feita em Minas Gerais, que mostrou que as lavouras de café próximas à mata nativa têm um rendimento até 14% superior.
Ana Paula Prestes, diretora de áreas protegidas do Ministério do Meio Ambiente, apontou outro potencial uso econômico da preservação das espécies. “Na parte marinha, a gente tem milhões de espécies que ainda não foram conhecidas nem estudadas, mas que a gente sabe do potencial para fármacos, para cosméticos e para outras coisas”, disse.
“Não vou dizer que é um senso comum, mas tem vários grupos que enxergam em áreas protegidas um empecilho econômico, um empecilho para o crescimento, e não é, pelo contrário”, defendeu, mencionando outros possíveis ganhos, como o turismo.
 Leia mais em: Para cientistas, preservar espécies é responsabilidade humana Especialistas dizem que é preciso agir para evitar futuro 'incerto'. Tadeu Meniconi Do G1, no Rio de Janeiro

O que ficou para traz...

Rio 92, Para Onde Foi? Rio+20, Para Onde Vai? foi lançada nesta quarta-feira

O legado deixado pela Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio92) e os desafios que permanecem desde a sua realização, há 20 anos, é o tema da publicação Rio 92, Para Onde Foi? Rio+20, Para Onde Vai?, lançada nesta quarta-feira (13), em evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). O documento traz uma série de entrevistas com especialistas envolvidos nos dois eventos, contendo propostas e ideias sobre questões como o futuro da Amazônia, do Brasil e da América Latina.

Um dos colaboradores da publicação, o embaixador aposentado Flávio Perri, que coordenou a Rio92, destacou que o evento de 20 anos atrás garantiu marcos importantes, como a Convenção sobre Mudanças Climáticas e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ajudaram o mundo a entender o conceito do desenvolvimento sustentável e a definir metas para alcançá-lo. Ele defende, no entanto, que as nações precisam ser “mais ousadas” em suas propostas atuais.

— Os marcos da Rio92 tiveram desdobramentos importantes. Hoje, por exemplo, não há condições políticas de se discutir desenvolvimento sem incorporar a sustentabilidade, que significa produzir com qualidade tanto para o homem, tendo em vista sua dignidade, quanto para o planeta, que deve ser poupado de exploração excessiva. Contudo, por mais ousado que qualquer país tenha sido desde então, terá sido pouco ousado. Precisamos agora de muita ousadia.

Perri disse, ainda, que a Rio+20 deve ser “visionária” e contribuir para o estabelecimento novos parâmetros de desenvolvimento.

— Hoje, medimos o crescimento da economia pelo PIB [Produto Interno Bruto], mas ele é apenas um número desalmado que não traz dados sobre dignidade de vida, se os homens estão sendo atendidos em suas necessidades nesse processo de crescimento, se o modo de organização social está evoluindo para dar maior conforto ao homem sem degradar o meio ambiente.

O líder da Iniciativa Amazônia Viva, da organização não governamental WWF, responsável pela publicação, Claudio Maretti, também define os compromissos assumidos na Rio92 como um marco na história do ambientalismo mundial, mas lamenta que as decisões anunciadas à época não tenham contado com uma “implementação adequada”. Maretti destacou ainda que o principal desafio atualmente é alcançar o equilíbrio entre os estoques de recursos naturais e as possibilidades de oferta.

— Estamos entrando no cheque especial porque consumimos mais recursos naturais do que a Terra, em seus processos ecológicos, é capaz de recompor. Por isso, é fundamental haver o equilíbrio para garantir qualidade de vida, mas sem entrar em dívida.

Leiam mais: Publicação lista os desafios que ainda ficaram depois de 20 anos da Rio92.Da Agência Brasil 

Sustentabilidade empresarial e qualidade de vida

No segundo dia de debates, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, reúne nesta quinta-feira (14) uma série de atividades paralelas e definições no texto preliminar sobre os temas-chave que serão discutidos pelos chefes de Estado e de Governo do dia 20 ao dia 22. Organizações não governamentais e integrantes da sociedade civil debatem alternativas para assegurar qualidade de vida no planeta.

A seis dias da cúpula, com a participação de pelo menos 115 chefes de Estado e de Governo, os ministros e especialistas de cada país se reúnem em busca de acordos sobre o conteúdo do documento preliminar que será definido pelos líderes políticos. O texto inclui temas como inclusão social, erradicação da fome e da pobreza, alternativas para a economia verde e sustentabilidade. Porém, as divergências persistem.

Ao longo desta quinta-feira, haverá ainda discussões sobre clima, desmatamento e tecnologias para garantir a sustentabilidade em negócios e melhorias para as populações nos próximos anos. A organização não governamental WWF apresenta as propostas Água Brasil e Família de Pegadas. O objetivo é alertar sobre a necessidade de agir e não deixar que as propostas fiquem apenas nas palavras.

A Fundo Vale (da Vale) e a Fundação Roberto Marinho, com o apoio do Serviço Florestal Brasileiro, lançam o projeto Florestabilidade. A ideia é mostrar a importância econômica, ambiental e social do manejo florestal no país, que tem a maior área de floresta contínua do mundo – a Amazônia.

O manejo florestal consiste em englobar técnicas que dão prioridade à sustentabilidade sem prejuízo aos ecossistemas. Na prática, as medidas permitem determinado uso dos recursos disponíveis com o mínimo de impacto ambiental. No setor empresarial, a questão da sustentabilidade é tema de uma discussão da secretária executiva da Rede Brasileira do Pacto Global, Yolanda Cerqueira Leite, e dos secretários do fórum (de mesmo nome) Tim Wall e Kristen Coco.

Paralelamente, no Parque dos Atletas, um pavilhão ao lado do Riocentro – onde serão concentrados os debates das autoridades –, ficarão em exposição projetos que destacam o desenvolvimento de propostas de tecnologia associada aos negócios. No Cais do Porto, uma apresentação artística fará lembrar a Europa dos anos 20 ao satirizar o consumo e os excessos.

No Parque do Flamengo, a defesa pela inclusão social como meta a ser ratificada por todos ganhará apresentação especial com a dança dos bailarinos em cadeiras de roda. O espetáculo mostra que não há limites para a expressão nem para a arte.

Leia mais em: Rio+20: sustentabilidade empresarial e qualidade de vida dominam debates no 2º dia.  Agência Brasil

Cúpula Mundial Green Jobs discute o tema nestas quinta e sexta, na Rio+20

A Rio+20 (Conferência das Nações Unidades sobre o Desenvolvimento Sustentável) “monta acampamento” no Brasil — até o próximo dia 22 — para reunir chefes de Estado em torno de um propósito único: salvar o futuro do planeta. E, dentre tantas discussões sobre o tema, surgem os chamados empregos verdes. O conceito, mesmo que ainda pouco difundido, ganha cada vez mais espaço no mercado formal. Hoje, de acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), 7% dos 38,6 milhões de empregados com carteira assinada no País se encaixam nessa categoria, e a perspectiva é de que o índice alcance 15% em um prazo de dez anos, segundo a presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos), Leila Nascimento. Ou seja, tomando como base os dados atuais, estima-se que o Brasil terá em 2022 cerca de 5,8 milhões de profissionais verdes.

Apontado como uma das soluções para o ideal de Terra sustentável, o emprego verde será discutido de forma detalhada em um evento oficial da ONU vinculado à Rio+20. A Cúpula Mundial Green Jobs (empregos verdes) acontece entre esta quinta (14) e sexta-feira (15) no Planetário da Gávea, zona sul do Rio, sob o seguinte questionamento: “O que muda no mundo do trabalho a partir do olhar dos Green Jobs?”.

Além de difundir o tema e explicar os empregos verdes, a cúpula tem o dever de provar a uma economia extremamente capitalista e cada vez mais guiada pelo lucro o quanto opções sustentáveis podem ser lucrativas. Segundo Leila Nascimento, já existem exemplos práticos de sucesso.

Economia Verde

Rio+20, discute sobre forma de produção e consumo mais sustentável.
Economia deve ser forma de trazer bem-estar às pessoas, disse ativista.
O conceito de "economia verde", um dos focos dos debates que tiveram início nesta quarta-feira (13) na Rio+20, é a principal preocupação de organizações internacionais de consumidores que fazem parte do debate de grupos da sociedade civil na conferência.
Em entrevista coletiva concedida nesta tarde no Riocentro, o diretor de políticas do grupo Consumers International, Luis Eduardo Flores Mimica, explicou que há uma divisão de opiniões sobre o conceito, e que há ONGs que rejeitam completamente a ideia, enquanto outros grupos acreditam que ela pode se encaixar à própria ideia de sustentabilidade.
"Para alguns grupos, o conceito está muito ligado à orientação de negócios", disse, explicando que há um interesse em voltar a ideia a todas as pessoas. Segundo ele, entretanto, há uma outra interpretação, que acredita de forma mais ampla que a economia verde é uma possibilidade de integrar negócios e fazer a economia trabalhar para o povo. "Essa é a nossa ideia de sustentabilidade. Significa que a economia é um instrumento de bem-estar", disse. "Nossa expectativa é começar um processo de fazer a economia trabalhar para o povo, em vez do contrário."

A definição de "economia verde" é um dos focos dos debates que acontecem durante a conferência de sustentabilidade no Rio de Janeiro. Ela gira em torno de oportunidades de negócios que levem em conta os conceitos do desenvolvimento sustentável.
Segundo Mimica, é a primeira vez que acontece um debate internacional sobre o conceito com participação de grupos de consumidores. Os debates vão ocorrer ao longo dos próximos dias, a fim de alcançar um acordo sobre a definição do conceito. "Nossa preocupação é saber o que vai ser esta 'economia verde' e isso gera muita discussão, mas precisamos prestar atenção e nos aprofundar no assunto."
A Consumers International é uma federação global de grupos de consumidores que reúne 220 organizações de 115 países com foco em consumo sustentável. O grupo faz parte dos debates de membros da sociedade que ocorrem durante todos os dias da Rio+20, e que deve incluir representantes de ONGs de defesa dos direitos humanos, de mulheres, de jovens, de grupos indígenas e dezenas de outros, além de atores econömicos, acadêmicos e pesquisadores que debatem sustentabilidade.
Além de enfatizar a importância dos debates, Mimica explicou que a federação que representa defende que os métodos para se calcular o Produto Interno Bruto (PIB) dos países seja repensado, assim como foi defendido por cientistas durante o Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, que acontece na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Para alguns pesquisadores, a medição da economia apenas pelo PIB prejudica o meio ambiente. "O modelo atual nos faz caminhar para o desastre", disse Mimica.

Leia mais em: Grupo de consumidores questiona conceito de 'economia verde'. Daniel Buarque   Do G1, no Rio

Educação e sustentabilidade

Evento deve reunir cerca de 500 representantes de entidades do setor

O Encontro da Juventude e Educação para a Sustentabilidade foi aberto quarta-feira (13), na capital fluminense, e deve reunir cerca de 500 representantes de entidades do setor que irão discutir, até sábado (16), políticas de educação voltadas para a sustentabilidade.

Segundo a secretária adjunta da Secretaria Nacional da Juventude e presidente do Conselho Nacional de Juventude, Ângela Guimarães, o objetivo do evento é propor uma discussão sobre o lugar da educação e da juventude, em um novo modelo de desenvolvimento que está sendo pensado para o País e para o mundo nas próximas décadas.

— O Brasil está realizando a conferência Rio+20, e o tema da sustentabilidade está no centro do debate. Não podemos desconsiderar que essa questão deve estar voltada a uma educação que ajude a sociedade a construir esse novo modelo de desenvolvimento sustentável.

Para Ângela Guimarães, as demandas da juventude têm como foco a educação, mas não se resumem apenas a esse tema. Existem ainda outras reivindicações, como trabalho decente, mobilidade urbana, moradia, dentre outras.

— Não dá para tratar a juventude como as próximas ou futuras gerações. Nós estamos vivendo a maior geração de jovens na história do Brasil, que tem uma significativa presença política, demográfica, econômica e social.

A secretária defende que o Estado deve atuar no núcleo das políticas de desenvolvimento, garantindo os direitos da juventude, o acesso às oportunidades, à educação pública de qualidade, à cultura, à mídia e às novas tecnologias.

— Além disso, é preciso que sejam gerados empregos decentes, respeitando as leis trabalhistas. Esta é uma plataforma múltipla, que acaba unificando os jovens no âmbito mundial, porque são demandas de cunho global.
 Leiam mais em: Jovens se reúnem no Rio para analisar o  papel da educação na sustentabilidade. Da Agência Brasil

Código Florestal, antes e depois do Veto

Vindos de longe e sem dinheiro

Colombianos passaram a dormir em redes após temporada no Pará. Campus da UFRJ, na Praia Vermelha, vai abrigar mais de 2 mil jovens.

A rede esticada na árvore vai ser o dormitório dos colombianos Javier Ruiz e Davi Gusmán durante a Rio+20. Sem dinheiro para pagar as altas tarifas dos hotéis e albergues, eles acampam na UFRJ, na Praia Vermelha, na Zona Sul da cidade. Mais de 2 mil jovens são aguardados no camping improvisado no gramado da universidade, que fica a poucos minutos do Aterro do Flamengo, onde vai acontecer a Cúpula dos Povos.

Javier e Davi aprovaram a primeira noite na rede fixada nas árvores na UFRJ (Foto: Rodrigo Gorosito/G1)
Javier e Davi, ambos de 34 anos, chegaram ao Rio de Janeiro na quarta-feira (13). Na falta de barraca e de colchonetes, eles passaram a primeira noite em companhia do sereno e do vento gelado.
“Essa nossa suíte é melhor do que a de um hotel cinco estrelas. Podemos admirar as estrelas, sentir a brisa e ouvir o som dos pássaros. E tudo isso ainda de graça. Ainda não choveu, então não tenho do que reclamar”, conta Davi, que utilizou o artifício de um mosqueteiro para evitar a visita dos indesejados insetos.
Pesquisas no Norte do Brasil

A dupla de colombianos explica que desenvolveu o hábito de dormir em redes durante uma temporada no Pará.
Eles visitaram cidades do norte do país por dois anos, durante uma pesquisa com as mulheres quebradeiras de coco babaçu. Atualmente, Javier faz mestrado na Universidade de Madri e Davi é aluno do curso de planejamento do desenvolvimento na Universidade Federal do Pará (UFPA).
Os dois vão participar de fóruns e discussões na Cúpula dos Povos, que acontece paralelamente à Rio+20, de 16 a 19 de junho. Para Javier, a Rio+20 se diferencia das outras conferências por ter conseguido uma maior participação e mobilização da sociedade.
“Todo mundo está mais consciente dos seus deveres em adotar medidas mais sustentáveis para o planeta. Acho que nos debates podemos chegar a algumas soluções, principalmente para as comunidades e aldeias pequenas”, argumenta o pesquisador, que também participou da Conferência de Joanesburgo, em 2002.
Tradutores voluntários
Durante a Rio+20, o campus da UFRJ vai abrigar integrantes de 100 movimentos jovens nacionais e estrangeiros. Para facilitar a comunicação, foi criado um grupo de tradutores voluntários.
“Vão ficar acampados aqui jovens da Romênia, Rússia, Alemanha, Canadá e Estados Unidos. É importante que todos discutam e trocam idéias que possam ajudar a melhorar a vida em comunidade”, afirma Lívia Alencar, de 25 anos, integrante da Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade.
Refeição para os alojados
A UFRJ disponibilizou 42 banheiros, sendo 26 com chuveiros, para os hospedados no camping. Os visitantes vão ganhar diariamente tíquetes de refeição no valor de R$ 24, que podem ser utilizados em restaurantes credenciados.
Quem não conseguiu vaga no acampamento da Praia Vermelha pode procurar por vagas no camping montado na Quinta da Boa Vista, na Zona Norte do Rio.

Leia mais em: Gringos improvisam camas com redes em acampamento da Rio+20.   Tássia Thum Do G1 RJ

Novos velhos conceitos

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, defendeu nesta quarta-feira (13) que os países ricos e pobres sigam o "espírito" da convenção firmada na Eco-92, ocorrida em 1992 no Rio. O acordo propôs "ações comuns, porém diferenciadas" a todas as nações para conservação do ambiente.
Os países desenvolvidos alegam que os em desenvolvimento --como é o caso do Brasil-- devem ter mais responsabilidade para auxiliar nas metas de redução mundial dos gases que causam o efeito estufa, responsável pelo aquecimento global.
Já os países em desenvolvimento se defendem usando a convenção da Eco-92. Eles afirmam que já emitem menos gases e que as nações mais ricas é que devem seguir normas mais rígidas. No alvo da discussão está o desenvolvimento econômico e social dos países pobres.
Izabella, que participou nesta quarta-feira da abertura de um ciclo de debates sobre a Rio+20 (conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável) que acontece até o dia 22 de junho no Rio, disse que o evento mundial é o cenário ideal para essa discussão. "É o espaço mais democrático, o da ONU, onde cada país vai buscar seu voto", disse.
A ministra afirmou ainda que o processo da Rio+20 é no "âmbito do multilateralismo" e que as nações convergem para o desenvolvimento sustentável. Após a abertura do debate sobre finanças sustentáveis, Izabella seguiu para um evento no Rio com o ministro da Educação, Aloisio Mercadante.

Lago tropical de metano líquido

Formação no satélite de Saturno deve ter fonte subterrânea

Um grupo internacional de pesquisadores observou pela primeira vez um lago de metano líquido com cerca de com 2400 km2 na região próxima ao equador de Titã, a maior lua de Saturno. Publicada na Nature desta semana (14 de junho), a descoberta indica que o trópico árido do satélite pode ter ainda mais lagos e também sugere que eles são formados por alguma fonte subterrânea de metano. A pesquisa foi feita graças a uma busca intensiva no banco de dados que contém informações coletadas pela sonda Cassini desde 2004, quando passou a orbitar Saturno.

A comunidade científica já conhecia os lagos localizados perto do polo norte de Titã, além de outro no polo sul. “Havia interesse em procurar lagos nas latitudes baixas, mas era complicado observar”, conta um dos autores do trabalho, o astrônomo Paulo Penteado, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). Os demais autores são da Universidade do Arizona, Estados Unidos.

A sonda Cassini contém vários telescópios e um radar. Ao passar perto dessa lua de Saturno, alguns telescópios captam luz em comprimentos de onda no infravermelho, invisíveis ao olho nu. Essa luz infravermelha refletida por Titã revela detalhes sobre a sua superfície, um tipo de informação que não pode ser obtida pela análise de comprimentos de onda de luz visível.

A partir de a luz solar que incide sobre Titã, nos comprimentos de onda em que podem ser observados, os lagos são escuros. “Ao observar a região do equador, sabíamos que nenhum lago grande existia ali devido às observações nos comprimentos de onda em que vemos a superfície. Se houvesse lago, ele deveria ser pequeno e, por isso, detectado em raras imagens”, explica Penteado. Após a extensa busca, a equipe encontrou um lago que, segundo estimativas, deve ter cerca de 2 m de profundidade no mínimo. “Não conseguimos estimar profundidades maiores”, diz. Mas os lagos podem ser mais profundos, os telescópios não conseguem captar essa informação.

Como a região dos trópicos aparenta ser mais seca que o resto da lua, alguns modelos matemáticos sugerem que o lago surja de uma fonte subterrânea – e não seja gerado por chuvas, outra hipótese plausível. “Caso contrário, o metano líquido já teria evaporado”, afirma o pesquisador.

Titã não se parece com a Lua da Terra. Aliás, é diferente de todas as outras luas conhecidas no Sistema Solar. “Ela é a única que tem atmosfera e meteorologia ativa lembrando a do nosso planeta”, explica Penteado. O componente principal da atmosfera de Titã é o nitrogênio, seguido pelo metano. Na Terra, o nitrogênio e o oxigênio dominam. Devido à baixa temperatura do satélite, 180 graus Celsius (°C) negativos, lá o metano é líquido – aqui, gasoso. A água, em Titã, só foi observada na forma congelada, aparentando rocha, em uma mistura com amônia.

Além disso, outro componente instiga os pesquisadores: existem moléculas orgânicas longas e complexas na névoa de Titã. “O satélite parece ter uma química muito rica e complexa”, conta o astrônomo do IAG. Os ambientes líquidos, como os lagos, são propícios para as moléculas se chocarem e, assim, se tornarem mais complexas.

Os pesquisadores pretendem continuar estudando Titã até 2017, ano previsto para o fim da missão da sonda Cassini. Porém, já mostram o interesse em, no futuro, explorar com mais detalhes o satélite e sua densa atmosfera utilizando um balão. “Um ano de Titã dura quase 30 anos terrestres. Com a Cassini vimos o que ocorre no verão no hemisfério sul, agora estamos observando o outono e conseguiremos, com a sonda, verificar o início do inverno”, explica Penteado. Ou seja: “Titã tem características interessantes e ainda pouco exploradas”.

Leia mais em: A lua Titã tem lago tropical de metano líquido.  ISIS NÓBILE DINIZ