sexta-feira, 16 de março de 2012

Fonte alternativa de energia?

Até recentemente, a forma mais eficiente de gerar energia a partir de um organismo vivo era colocar um hamster para correr em uma roda. Mas pesquisadores da Universidade Clarkson (em Potsdam, no estado de Nova Iorque), nos Estados Unidos, estão conseguindo transformar lesmas vivas em “baterias”, se utilizando do açúcar do sangue do animal.
O método para isso é relativamente simples. Os químicos desenvolveram pequenos eletrodos de carbono, dotados de nanotubos que têm a função de conduzir eletricidade. Para gerá-la, tais eletrodos são combinados com determinadas enzimas para compor células de bio energia. Estas células se apropriam da glicose e do oxigênio do sangue dos animais e produzem eletricidade na transferência para o eletrodo.
Este sistema não causa danos aos moluscos. Depois de a “bateria” funcionar perfeitamente por algumas horas, basta que as lesmas se alimentem normalmente e descansem para que o sangue retorne a níveis saudáveis de seus componentes. Mesmo enquanto os eletrodos estão acoplados, elas podem viver e se movimentar sem problemas.
É claro que uma lesma nestas condições ainda produz muito menos energia do que uma pilha palito. Os cientistas afirmam que já estão desenvolvendo estratégias para aumentar o “aproveitamento energético” das lesmas, e que o mesmo procedimento também pode ser utilizado em outros animais, como minhocas e outros insetos. Além disso, é possível que haja outras substâncias nestes organismos que também possam alimentar os eletrodos.
A questão impressionante, no entanto, nem chega a ser a quantidade energética. O exército dos EUA já apresentou a ideia de que estas “lesmas energéticas” podem ser transformadas em pontos eletrônicos, que podem servir como sensores. Seria o primeiro exemplo de “sensor vivo” da história, integrado ao meio natural como nenhum outro aparato eletrônico jamais conseguiu. Algo como… uma lesma ciborgue.
Leia mais: Lesma ciborgue é transformada em bateria viva.[LiveScience][Hypescience]

“para matar a tristeza, só mesa de bar" ... Na 'Science'.

Rejeitadas por parceiras, moscas buscam consolo no álcool, diz estudo
Sexo libera substância química que reduz procura pela bebida. Pesquisa foi publicada pela revista 'Science'.
Uma mosca entra no bar, chama o garçom e diz: “para matar a tristeza, só mesa de bar". A cena é surreal, mas tem algum fundamento científico – exceto pelo fato de que ainda não há estudos mostrando que moscas sejam fãs de Reginaldo Rossi.
Mas há sim uma pesquisa que mostra que o álcool é uma saída, ou pelo menos um consolo, para a dor de cotovelo na espécie – onde quer que esteja o cotovelo de uma mosca.
A experiência que chegou a essa conclusão foi feita nos laboratórios da Universidade da Califórnia em São Francisco, nos EUA. As moscas macho foram separadas em dois grupos – um deles foi colocado ao lado de fêmeas virgens, que permitem a cópula, e o outro teve contato com fêmeas arredias.
Depois, os insetos puderam optar entre dois tipos de alimentos – com ou sem álcool. Foi quando os cientistas descobriram que as moscas rejeitadas gostam da bebida alcoólica – bem mais do que as que conseguiram sexo.
Acontece que o sexo eleva o nível de uma substância chamada “neuropeptídeo F”, ligada ao chamado sistema de recompensa do cérebro. Quanto menor esse nível, maior a chance de que a mosca consuma álcool.
Como se trata de uma relação química, a descoberta pode ser desenvolvida a ponto de explicar mecanismos do alcoolismo em humanos. A pesquisa foi divulgada pela “Science”, uma das mais prestigiadas revistas científicas do mundo, nesta quinta-feira (15).
Leia mais na matéria de Tadeu Meniconi, Do G1, em São Paulo

Planeta dos Macacos

Gorilas compartilham muitas mudanças genéticas paralelas com humanos - incluindo a evolução de nossa audição
Nossos ancestrais passaram pela divisão evolutiva com os gorilas há cerca de 10 milhões de anos, mas ainda compartilhamos um notável número de genes com o grande macaco, de acordo com um inovador estudo publicado nesta quarta-feira (7).
Um consórcio mundial de cientistas sequenciou o genoma do gorila da planície ocidental e comparou mais de 11 mil de seus genes com os dos humanos modernos, Homo sapiens, e os dos chimpanzés.
Os gorilas se separaram da linhagem humano-chimpanzé há cerca de 10 milhões de anos, e cerca de quatro milhões de anos depois homens e chimpanzés emergiram como espécies diferentes, uma ideia que coincide com as evidências fósseis.
A comparação também derruba convicções sobre similaridades entre os principais primatas, dizem os pesquisadores.
Como era esperado, humanos e chimpanzés compartilhavam a maior parte dos genes. Mas 15% do genoma humano é mais próximo ao genoma do gorila do que ao do chimpanzé - e 15% do genoma do chimpanzé é mais próximo ao genoma do gorila do que ao do humano.
"Nossas descobertas mais significativas revelam não apenas diferenças entre as espécies refletindo milhões de anos de divergências evolutivas, mas também similaridades nas mudanças em paralelo ao longo do tempo desde seu ancestral comum", disse Chris Tyler-Smith, do Britain's Wellcome Trust Sanger Institute.
"Descobrimos que gorilas compartilham muitas mudanças genéticas paralelas com humanos - incluindo a evolução de nossa audição".
"Cientistas sugeriram que a rápida evolução dos genes de audição dos humanos estava ligada à evolução da linguagem. Nossos resultados colocam isso em questão, já que os genes de audição evoluíram em gorilas na mesma proporção que nos humanos".
Os próprios gorilas começaram a se dividir em dois grupos, o gorila da planície oriental e o gorila da planície ocidental, cerca de um milhão de anos atrás.
O estudo joga um balde de água fria naqueles que defendem a noção de que a separação entre espécies de primatas ocorreu de maneira abrupta, em um período relativamente curto. Na verdade, o processo foi longo e muito gradual.
Havia provavelmente uma quantidade razoável de "fluxo gênico", ou um cruzamento entre linhagens genéticas levemente diferentes, os dois antes que os gorilas se separassem dos outros macacos e antes que os próprios gorilas se dividissem em duas espécies.
Poderia haver um paralelo na separação entre chimpanzés e bonomos, ou entre humanos modernos e Neanderthais, afirmam os autores.
Uma nova teoria sobre Neanderthais é que eles eram mais do que primos próximos - o H. sapiens ocasionalmente cruzava com eles e incorporou alguns de seus genes nos humanos modernos.
Os próprios Neandherthais se extinguiram como uma espécie separada há cerca de 40 mil anos, dizimados quer por uma mudança climática ou devido ao próprio H. sapiens, de acordo com algumas hipóteses.
A amostra de DNA foi retirada de uma gorila da planície ocidental chamada Kamilah.
Depois de prosperar por milhões de anos, os gorilas sobrevivem hoje em apenas algumas poucas populações ameaçadas da África central, e sua quantidade diminui devido à caça e à perda de habitat.
"Bem como nos ensinar sobre evolução humana, o estudo dos grandes macacos nos conecta a um tempo no qual nossa existência era mais tênue, e, ao fazer isso, ressalta a importância de proteger e conservar estas espécies notáveis", afirma o estudo.