quinta-feira, 14 de junho de 2012

Cúpula Mundial Green Jobs discute o tema nestas quinta e sexta, na Rio+20

A Rio+20 (Conferência das Nações Unidades sobre o Desenvolvimento Sustentável) “monta acampamento” no Brasil — até o próximo dia 22 — para reunir chefes de Estado em torno de um propósito único: salvar o futuro do planeta. E, dentre tantas discussões sobre o tema, surgem os chamados empregos verdes. O conceito, mesmo que ainda pouco difundido, ganha cada vez mais espaço no mercado formal. Hoje, de acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), 7% dos 38,6 milhões de empregados com carteira assinada no País se encaixam nessa categoria, e a perspectiva é de que o índice alcance 15% em um prazo de dez anos, segundo a presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos), Leila Nascimento. Ou seja, tomando como base os dados atuais, estima-se que o Brasil terá em 2022 cerca de 5,8 milhões de profissionais verdes.

Apontado como uma das soluções para o ideal de Terra sustentável, o emprego verde será discutido de forma detalhada em um evento oficial da ONU vinculado à Rio+20. A Cúpula Mundial Green Jobs (empregos verdes) acontece entre esta quinta (14) e sexta-feira (15) no Planetário da Gávea, zona sul do Rio, sob o seguinte questionamento: “O que muda no mundo do trabalho a partir do olhar dos Green Jobs?”.

Além de difundir o tema e explicar os empregos verdes, a cúpula tem o dever de provar a uma economia extremamente capitalista e cada vez mais guiada pelo lucro o quanto opções sustentáveis podem ser lucrativas. Segundo Leila Nascimento, já existem exemplos práticos de sucesso.


— Vamos mostrar que já temos empresas trabalhando e resultados com a economia verde. Por exemplo, tem um estudo que explica o seguinte: com a economia da energia do planeta, o PIB (Produto Interno Bruto) dos países que investirem nisso sobe. A economia verde vem com resultado. E as carreiras verdes acompanham isso. O que estamos mostrando é que os resultados serão melhores para todos: empresas, países e pessoas. A redução do desperdício, por si só, já reduz custos, entre outras tantas coisas que vamos explicar na cúpula.

Na contramão do que muitos pensam, emprego verde não significa necessariamente contato direto com a natureza, seja através de praias, florestas ou práticas exclusivamente rurais. O setor, antes relacionado a engenheiros ambientais, florestais e agrícolas, se expandiu, derrubou barreiras e hoje pode atingir todas as camadas do mercado de trabalho. Basta querer. De acordo com a presidente da ABRH, esverdear as funções está, sobretudo, relacionado à conscientização de que os recursos naturais precisam ser preservados.

— O líder precisa ter a consciência de que sua posição impacta diretamente nos resultados dentro do planeta, precisa alinhar os produtos da empresa com conceitos da economia verde e, assim, reduzir os impactos ambientais. E hoje todas as profissões estão sendo diretamente atingidas por esse conceito. Isso precisa ser implantando na empresa. É questão de sobrevivência do planeta, um caminho sem volta.

A composição do termo green job, porém, não se restringe a mudar a forma de pensar a natureza ou adotar como práticas fixas a reciclagem e painéis de energia solar. Vai além. O ideal do empregado do futuro reúne, além da defesa do meio ambiente, boas condições de trabalho, salários dignos, segurança e saúde do funcionário.

— Emprego verde é o conceito de que trabalhar a economia verde toca a preservação do planeta e da raça humana, no sentido de que as relações também mudam a partir disso. O trabalho verde é dar condição digna, serviços adequados e segurança que preservem os trabalhadores.

Embora venha ganhando espaço nacionalmente, o conceito ainda precisa ser enraizado na cultura brasileira, segundo Leila Nascimento. Ela cobra que as escolas passem a tratar mais detalhadamente o assunto.
— Não podemos dizer que hoje temos uma mobilização da educação para a importância do emprego verde. Não há uma educação formal no sentido de disseminar esse conceito. Ate existem cursos isolados nessa área. Mas vou além. Era preciso incluir uma matéria sobre isso lá no ensino fundamental.

Empresas pequenas são mais verdes

Pelo fato de movimentarem mais dinheiro, as grandes empresas parecem encontrar menos obstáculos para investir no verde, mas é só impressão. De acordo com a presidente da ABRH, os pequenos negócios se encaixam mais facilmente à tendência de sustentabilidade.

— As principais organizações no Brasil que já trabalham responsabilidade social e sustentabilidade são as empresas de pequeno porte. Estão mais próximas da comunidade e têm facilidade maior de gerar resultados com essas questões. Há um estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que mostra quanto os donos dessas instituições são muito mais eco-empresários do que os das de grande porte. Afinal, para elas, quanto mais econômico é o resultado, melhor.


Leia mais em: Brasil deve ter 5,8 milhões de empregos verdes em 10 anos, estimam RHs.  Bruno Rousso, do R7

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