quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Mata tropical tem 18 mil espécies de artrópodes por hectare

por: REINALDO JOSÉ LOPES - EDITOR DE "CIÊNCIA+SAÚDE". Folha
 

Um esforço sem precedentes, reunindo mais de uma centena de cientistas, esquadrinhou uma floresta tropical do Panamá de alto a baixo na tentativa de responder uma pergunta aparentemente simples: quantas espécies de artrópodes (o grupo dos insetos e aranhas, entre outros bichos) existem ali?
O resultado -nada menos que 18 mil tipos de artrópodes em apenas meio hectare de mata- é a estimativa mais precisa já obtida a respeito da diversidade desses seres, que correspondem a mais de 80% dos animais da Terra.
"Até onde sabemos, conseguimos amostrar todos os habitats, do solo da floresta ao alto das árvores, e todos os principais grupos de artrópodes", diz o brasileiro Sérvio Pontes Ribeiro, da Universidade Federal de Ouro Preto, coautor do estudo na edição de hoje da revista "Science".
Foto: Cientistas em guindaste recolhem amostras de insetos no alto das arvores em floresta do Panama
Ribeiro é especialista na diversidade de bichos no chamado dossel superior, a área mais alta da floresta.
Paradoxalmente, diz ele, o ambiente nessa região lembra o do cerrado: muita luz solar, pouca umidade e nutrientes mais escassos.
As condições especiais favoreceram a evolução de insetos que põem seus ovos dentro das folhas e formam uma espécie de tumor vegetal nelas -um abrigo mais úmido e nutritivo para elas.
Mapeando esse e outros ambientes com vários tipos de armadilhas e redes, os cientistas estimam que, em toda a floresta de San Lorenzo, com seus 6.000 hectares, há cerca de 25 mil espécies.
Curiosamente, um único hectare é suficiente para abrigar dois terços desse total.
"Essa é a grande mudança trazida pelo nosso estudo", afirma Ribeiro.
"Achava-se que a maioria das espécies de artrópodes existia em espaços muito pequenos. O que nós estamos vendo é que elas ocorrem em áreas amplas e provavelmente precisam de territórios grandes."
A equipe está replicando a metodologia em outros lugares, como a Austrália e Vanuatu, na Polinésia.
Com mais dados, a expectativa é que seja possível ter uma ideia mais clara sobre outro número misterioso: quantas espécies, no total, existem na Terra toda.

Protesto contra Poluição

Na Cidade do México, ativistas de diversas organizações se uniram para protestar contra os altos índices de poluentes que causam diversos problemas para a saúde da população.
Fonte: Folha

Pouca variedade de cobaias leva a atraso científico, diz bióloga

Publicado em 2 de janeiro de 2013 por Homelab adaptado de Folha.
A panelinha de espécies que hoje domina os laboratórios de biologia precisa acabar, alerta uma pesquisadora americana nas páginas da revista científica “Nature”.
Para Jessica Bolker, professora de zoologia da Universidade de New Hampshire, a fixação dos cientistas em um punhado de cobaias -as mais conhecidas são os onipresentes camundongos, ratos e moscas-das-frutas- atrapalha o avanço da pesquisa e pode até estar adiando a descoberta de curas.
“Estudar apenas alguns organismos faz com que a ciência fique limitada às respostas que essas espécies podem trazer”, diz Bolker.
“Essas limitações têm tido consequências sérias. As disparidades entre humanos e camundongos podem ajudar a explicar por que os milhões de dólares gastos com a pesquisa básica têm trazido avanços clínicos frustrantes.”


PROBLEMA HISTÓRICO

Razões históricas e de praticidade explicam, em grande parte, como a panelinha se formou. A partir do começo do século 20, essas espécies se tornaram populares porque eram fáceis de criar e se reproduziam às pencas.
No caso das moscas-das-frutas, outro ponto a favor foram seus grandes cromossomos, fáceis de observar e úteis para estudos genéticos.
De acordo com Bolker, cada animal traz certos tipos de vieses. Muitos camundongos, por exemplo, pertencem a linhagens com alto grau de consanguinidade (pelo cruzamento de parentes próximos entre si).
Isso faz com que eles sejam geneticamente muito homogêneos. Assim, testes de medicamentos envolvendo os bichos muitas vezes não simulam bem o que aconteceria na população humana, geneticamente mais variada.
Já as moscas-das-frutas e o verme C. elegans, embora tenham ajudado os cientistas a entender como uma só célula dá origem a um animal, parecem ter o “defeito” de fazer esse processo parecer mais simples do que realmente é.
Seu desenvolvimento é relativamente inflexível, recebendo influências modestas de alterações no ambiente -coisa que não ocorre na maioria dos seres vivos, diz Bolker.
Como minimizar esse tipo de problema? Em primeiro lugar, dando mais apoio, inclusive financeiro, à busca por “organismos-modelo” alternativos, diz a pesquisadora.
Alguns dos animais promissores listados por ela são criaturas exóticas. Um exemplo: peixes da Antártida com esqueletos finíssimos, os quais poderiam ajudar a entender melhor a osteoporose.

Fonte: Folha