terça-feira, 30 de outubro de 2012

O cronômetro do cérebro


Compostos encontrados no sangue podem indicar o grau de envelhecimento cerebral


© NELSON PROVAZI
Um grupo de pesquisadores brasileiros parece ter encontrado uma forma simples e pouco invasiva de medir o grau de envelhecimento do cérebro. Em estudos com roedores e com seres humanos, eles observaram que o nível de três compostos encontrados em células do sangue pode refletir a saúde das células cerebrais. A expectativa é que, caso os testes que ainda precisam ser realizados sejam bem-sucedidos, se chegue a uma forma de identificar doenças neurodegenerativas como o Alzheimer e o Parkinson nos estágios bem iniciais, antes de os sinais clínicos surgirem.
“Encontramos no sangue de pessoas com essas doenças um conjunto de compostos que indicam a produção excessiva de substâncias tóxicas no cérebro”, explica o farmacologista Cristoforo Scavone, chefe do Laboratório de Neurofarmacologia Molecular no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) e um dos coordenadores da pesquisa.

Anticorpos contra Aids


Pesquisa indica tratamento promissor contra o vírus HIV-1

MARIA GUIMARÃES | Edição Online 10:19 25 de outubro de 2012. Revista Pesquisa Fapesp

Uma combinação de anticorpos ultrapotentes pode ser um novo rumo para combater o vírus causador da Aids, HIV-1, segundo mostra artigo na Nature desta semana (25/10) liderado pelo imunologista brasileiro Michel Nussenzweig.
Pesquisador da Universidade Rockefeller, em Nova York, Nussenzweig há anos busca formas de usar anticorpos como base de uma vacina contra o HIV (ver Coquetel de anticorpos). Mas o medicamento a que chegou agora não é uma vacina. “Para isso, teríamos que ensinar o sistema imunológico”, explica, “trata-se de um tratamento passivo”. O segredo para uma batalha bem-sucedida pode estar no uso de conjuntos de anticorpos que ataquem diferentes partes do vírus, dificultando a corrida evolutiva na qual os microrganismos costumam ganhar dos pesquisadores.

Histórias para contar


Acesso a documentos digitalizados ajuda a reconstituir os percursos da divulgação científica no Brasil

© REPRODUÇÃO
O acesso direto a documentos dos séculos XIX e XX, largamente facilitado pela digitalização recente dos arquivos de importantes veículos de comunicação, e novos estudos de caso podem mudar dentro de algum tempo a percepção mais corrente sobre a história da divulgação e do jornalismo científico no Brasil. Em vez de um percurso marcado por algumas poucas ondas localizadas de intensa difusão, seguidas por prolongados silêncios, é possível que se possa reconstruir nesse campo um caminho mais contínuo ao longo de dois séculos, mesmo que muito estreito em determinados trechos e mais alargado em outros. “Ainda que por ora não devamos jogar fora a noção da existência de ondas de divulgação científica no país, numa linha semelhante à que o pesquisador inglês Martin Bauer apontou para a Europa, talvez tenhamos que revê-la à luz de novos dados oferecidos pela pesquisa empírica”, diz Luisa Massarani, diretora do Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz, que junto com Ildeu de Castro Moreira vem estudando sistematicamente essa área desde 1997. É possível, ela admite, que muito do que até aqui se toma como lacunas na atividade de divulgar e reportar temas científicos no Brasil corresponda, na verdade, a lacunas do conhecimento histórico a seu respeito.

Tome-se, a propósito, no quesito dos achados propiciados pela digitalização de arquivos, o caso de O Estado de S. Paulo – A Provincia de São Paulo, até 1890 – e, numa busca preliminar por notícias sobre assuntos científicos, com não muito esforço se há de constatar, como o fez o jornalista Carlos Fioravanti, editor especial de Pesquisa FAPESP, que já em 1875, ano de criação do importante jornal paulista, uma certa “Secção Scientifica” aparecia em sua primeira página.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A vida protegida por armaduras


Norte do Paraguai pode abrigar a maior diversidade  de fósseis dos primeiros animais com esqueleto
RICARDO ZORZETTO | Edição 199 - Setembro de 2012



Nos arredores de Puerto Vallemí, um povoado com 9 mil moradores no norte do Paraguai, está instalada a única empresa produtora de cimento do país. Ali, a poucos quilômetros da cidade, a Indústria Nacional del Cemento escava há décadas um paredão rochoso de 640 metros de altura do qual sai boa parte do calcário usado na construção civil paraguaia e a poeira branca que cobre a cidade nos dias de vento forte. Vasculhando as escavações da mineradora e cavoucando barrancos nas estradas da região, o geólogo brasileiro Lucas Warren encontrou recentemente o que chama de “mina de ouro da paleontologia”.
As rochas que trouxe de lá e hoje ocupam uma grande mesa de sua sala no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP) estão incrustadas com pequenas estruturas alongadas – elas têm, em média, 1 centímetro de comprimento – que lembram minhocas aprisionadas em um bloco de lama endurecido pelo sol. Mas são algo muito mais raro, encontrado em pouquíssimas regiões do mundo. São fósseis do que provavelmente foram os primeiros seres vivos com esqueleto que surgiram no planeta.

As rotas das suçuaranas

Felinos conseguem se movimentar em zonas de ocupação humana, mas encontram obstáculos nas estradas MARIA GUIMARÃES | Edição 199 - Setembro de 2012


© EDUARDO CESAR (FOTO FEITA NA FUNDAÇÃO ZOOLÓGICO DE SÃO PAULO)
A onça-parda (Puma concolor), um dos maiores predadores das Américas, ainda é pouco conhecida pela ciência brasileira
Análises genéticas estão revelando um pouco da história e da ecologia da suçuarana, ou onça-parda (Puma concolor), um dos maiores felinos do Brasil, atrás apenas da onça-pintada. Esses discretos animais são altamente adaptáveis e vivem mesmo em zonas com pouca floresta. Mas enfrentam problemas com a caça e nas estradas, conforme vem mostrando o trabalho paralelo de duas pesquisadoras que nunca se encontraram pessoalmente: Camila Castilho, atualmente na Universidade de São Paulo (USP), e Renata Miotto, agora na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), também da USP, em Piracicaba.

Professora é demitida por divulgar fotos de escola alagada no Maranhão


No Brasil do faz de conta, aquele que o Governo Federal chama de "o país de todos", mostrar a verdade é proibido, principalmente se ela vai de encontro aos interesses de algum político importante, e mais ainda se esse  político integra o grupo de aliados dos Sarney.

Foi esse o pecado de Uiliene Araújo Santa Rosa, 24 anos, professora municipal demitida pela Prefeitura Municipal de Imperatriz - MA, porque teve o "atrevimento" de postar em uma rede social as fotos que mostram alunos fazendo prova embaixo de guarda-chuvas. As imagens causaram impacto e o caso ganhou repercussão na cidade. Além do afastamento, a jovem teve o seu contrato com o Colégio Municipalizado Guilherme Douradosuspenso. O secretário municipal de Educação,Zeziel Ribeiro da Silva, disse que a medida foi tomada porque a professora procedeu de forma errada.

Nas imagens divulgadas pela professora, além da sala de aula alagada, é possível ver os alunos se protegendo com guarda-chuvas da água que passava pelos buracos no telhado da instituição. SegundoUiliene, a intenção ao publicar as imagens era chamar a atenção para os problemas da rede municipal. Uma das quatro fotos publicadas no Facebook já tem mais de 1.600 compartilhamentos e diversos comentários em apoio à professora e indignação diante da estrutura e atitude dos responsáveis pela unidade de ensino.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Feira de Profissões 2012

Iluminação flexível



Novos tipos de lâmpadas e células fotovoltaicas orgânicas são desenvolvidos por centro de pesquisa mineiro
© ZÉ TAKANASHI - AGÊNCIA FOTOSITE / CSEM
Desfile do estilista Ronaldo Fraga no São Paulo Fashion Week deste ano: modelos com fitas iluminadas
Lâmpadas flexíveis no formato de fitas capazes de serem coladas nas paredes, no teto e até em rodapés. A tecnologia e a arquitetura de iluminação caminham nesse sentido e novas formas de utilização dessas fitas flexíveis compostas principalmente de polímeros encontram utilidades inusitadas antes mesmo de se tornarem comerciais. Foi o caso do desfile do estilista Ronaldo Fraga, no São Paulo Fashion Week, que aconteceu em junho deste ano na capital paulista. As modelos estavam ornadas com fitas eletroluminescentes chamadas de Lume e produzidas pelo Csem Brasil, instalado em Minas Gerais, um centro privado de pesquisa aplicada, especializado no desenvolvimento e transferência de tecnologia, principalmente em eletrônica orgânica e 
microssistemas. Conectadas a pequenas baterias presas aos corpos das modelos, as fitas foram pela primeira vez apresentadas em público.
O desenvolvimento e a fabricação da Lume no Brasil deixam o país no mesmo nível, nessa área, da Europa, dos Estados Unidos e da China, num mercado global ainda muito pouco explorado. As fitas Lume geram luz em toda a superfície e são destinadas principalmente à produção de telas de produtos eletrônicos como relógios, interiores de aviões e automóveis, placas de publicidade e como peça decorativa. Elas possuem uma vida útil de 10 mil horas e apresentam baixo consumo de energia.
Para a confecção da Lume, o Csem usou a tecnologia de eletrônica impressa em rolos utilizada na fabricação de semicondutores orgânicos, embora essas fitas iluminadas não usem especificamente polímeros orgânicos. As Lumes são fabricadas em uma máquina de impressão chamada Roll to Roll, a primeira da América do Sul, e que funciona de maneira similar à rotativa de um jornal. Basicamente a Lume é formada por uma camada de um material à base de fósforo entre dois eletrodos, sendo um transparente chamado de ITO, de indium tin oxide, ou óxido de índio dopado, com estanho e o outro de tinta de prata. O campo elétrico formado pelos eletrodos excita os elétrons do fósforo e, quando eles voltam ao estado original, emitem luz vermelha, branca, azul ou verde, dependendo do tipo de cor da tinta utilizada. Como substrato, a lâmpada flexível utiliza o polímero PET, o mesmo das garrafas de refrigerante e água mineral. A formação da fita acontece por meio da passagem pelos rolos da máquina e o recebimento de diferentes camadas.
Os polímeros orgânicos são os elementos principais na fabricação dos organic light-emitting diodes (Oleds), que usam principalmente carbono na sua composição e são a próxima promessa no campo da iluminação e de telas depois do LED, hoje já presente em lâmpadas especiais e nas telas de televisão. A rota tecnológica da produção da Lume é a mesma da produção dos Oleds e abre caminho também para o desenvolvimento de dispositivos com polímeros orgânicos como, por exemplo, células fotovoltaicas, que podem ser impressas e flexíveis, utilizadas em sistemas de geração de energia solar. O objetivo do Csem não é, nesse primeiro momento, investir na produção em escala de Oleds nem de displays. Outros países estão bastante próximos de dominar a confecção desses dispositivos. Por isso, o engenheiro Tiago Maranhão Alves, diretor-executivo do centro, afirma que o primeiro produto orgânico produzido para consumo geral será a célula fotovoltaica feita de semicondutores orgânicos.
© FERNANDO LUTTERBACH / CSEM
A máquina de impressão e produção das fitas em rolo
Reciclador de energia
“Além de termos condições de conquistar espaços significativos, nós temos os recursos naturais para entrar, competir e ganhar esse jogo”, diz. Pelo planejamento, as primeiras células fotovoltaicas comerciais devem chegar às ruas em um ano. Com elas será possível fazer painéis solares leves e flexíveis a custos menores, alimentadores de teclados de computador, celulares e controles remotos. Essas células também serão capazes de captar a luz de casa, assim como a luz solar, e produzir corrente elétrica, exercendo a função de “um reciclador de energia”. Outro mercado será o de geração elétrica em localizações remotas ainda não servidas pela rede de distribuição elétrica.
Para Maranhão, ninguém faz uma nova cadeia de valor sozinho. “Isso só é possível com muita pesquisa e parcerias.” O Csem já recebeu para o desenvolvimento de seus projetos o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em Minas Gerais, um acordo entre a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, a Fapemig e a iniciativa privada está estimulando o desenvolvimento dessa tecnologia. “O importante nesse projeto é que estamos usando o governo como indutor de uma parceria entre universidade e empresa para o desenvolvimento de tecnologia de ponta, que pode gerar riqueza, empregos e desenvolvimento para o país”, explica Mario Neto Borges, presidente da Fapemig. A fundação já investiu R$ 7 milhões no instituto. O BNDES adicionou mais R$ 15 milhões ao investimento.
Intercâmbio conjugado
O Memorando de Entendimento em Cooperação Acadêmica, Pesquisa e Desenvolvimento firmado entre as instituições permite o intercâmbio de pesquisadores, mestres, doutores e pós-doutores das universidades e empresas mineiras com o Centro de Eletrônica Plástica do Imperial College, um dos mais importantes centros de eletrônica orgânica do mundo. O diretor do centro inglês, o físico Donal Bradley, é um dos inventores da eletroluminescência de polímeros conjugados. Dez pesquisadores brasileiros já trabalharam com ele, por meio do convênio. Na volta, alguns foram recrutados para trabalhar no Csem. Pelo acordo, as patentes registradas pelo convênio pertencerão aos parceiros envolvidos, inclusive a Fapemig.
Os primeiros passos para o surgimento e desenvolvimento da eletrônica orgânica e impressa foram dados por acaso, em 1976. Nesse ano, Hideki Shirakawa, um pesquisador japonês do Instituto de Tecnologia de Tóquio, tentava sintetizar um tipo de plástico, o poliacetileno, um polímero simples formado apenas de átomos de carbono e hidrogênio. Ao errar a mão, adicionando uma quantidade maior de um catalisador ao composto, Hideki produziu um filme brilhante como uma folha de alumínio. Pouco depois, uniu-se a dois cientistas norte-americanos, o químico Alan MacDiarmid e o físico Alan Heeger, na Universidade da Pensilvânia. Trabalhando sobre o filme brilhante do pesquisador japonês, eles perceberam que, ao dopar o carbono com iodo, ele se tornava uma folha metálica dourada, com condutividade elétrica. Estava descoberto então o primeiro semicondutor orgânico, formado de polímero. A descoberta rendeu o Nobel de Química para os três em 2000. Quase 40 anos depois, muitas aplicações práticas para esses semicondutores foram estudadas. A corrida agora entre cientistas, instituições privadas e governamentais é de como fabricar esses produtos à base da eletrônica orgânica e impressa com eficiência, custos reduzidos e em larga escala.
A corrida para colocar o Oled no mercado movimenta os grandes fabricantes de material de iluminação como a alemã Osram, que está investindo nos Oleds, feitos de semicondutores orgânicos. A principal vantagem desse material é que ele não é formado por uma junção de pontos emissores individuais, mas sim por uma superfície flexível que gera iluminação de maneira uniforme, podendo se moldar mais facilmente a diferentes formas e ambientes. A empresa já tem uma instalação na cidade de Regensburg, na Alemanha, preparada para ser a primeira linha-piloto de produção em grande escala de Oleds do mundo. Os primeiros produtos de uso comercial, para iluminação de escritórios e para o varejo, já foram testados nas cidades alemãs de Munique e Berlim e devem chegar em breve ao Brasil. Segundo Joyce Calil, gerente de vendas da Osram no país, a expectativa é de que “as primeiras aplicações no mercado sejam para luz funcional a partir de 2015”.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Células matadoras podem controlar o vírus da Aids


Células matadoras podem controlar o vírus da Aids
Pesquisadores norte-americanos e brasileiros testam com sucesso a eficácia de linfócitos T no combate ao HIV
Na guerra contra o HIV, vírus que causa a Aids, a busca por desenvolver uma vacina costuma se concentrar nos anticorpos, as proteínas do sistema imunológico responsáveis por atacar invasores. Um grupo de pesquisadores norte-americanos e brasileiros pode ajudar a mudar esse panorama – ou pelo menos ampliá-lo –, de acordo com resultados publicados neste domingo (30/9) na Nature. Eles mostraram que um tipo específico de linfócitos T – as células que orquestram o combate a infecções – tem um papel importante no combate aos vírus e estimular a sua produção pode vir a ser uma arma eficaz.
As estrelas do estudo são as células T CD8+, responsáveis por controlar a carga viral nos pacientes conhecidos como “controladores de elite” – pessoas que, apesar de infectadas com o HIV, não desenvolvem os sintomas da doença. “Uma em cada 300 pessoas infectadas consegue controlar a replicação do vírus”, explica o patologista David Watkins, da Universidade de Miami, coordenador do estudo. Em 70% dessas pessoas, segundo ele, é possível detectar uma assinatura genética especial, que agora se sabe estar relacionada ao funcionamento das células CD8. Falta ainda entender exatamente como funciona essa relação.
O importante é que esses linfócitos conseguem, por meio de uma ação tóxica, aniquilar as células do organismo invadidas pelo HIV. “O vírus precisa de células para se replicar, e as CD8 matam essas fábricas”, explica o pesquisador norte-americano, fluente em português graças a uma longa e frutífera colaboração com colegas brasileiros.
Um vírus aparentado ao que causa Aids em seres humanos, o vírus da imunodeficiência símia (SIV), foi usado para testar a eficácia dessas células imunológicas. Nas mãos da geneticista Myrna Bonaldo, do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, a vacina contra febre amarela produzida na própria instituição ganhou fragmentos de DNA do SIV e foi aplicada em macacos rhesus infectados. O resultado foi marcante: “todos os macacos estão conseguindo controlar a replicação do vírus”, comemora Watkins. A eficácia é um mistério, porque nem todos os controladores de elite humanos conseguem combater tão bem a infecção. “Precisamos entender como isso funciona antes de podermos pensar numa vacina contra Aids”, ele completa, cauteloso.
Para o norte-americano, a colaboração com o grupo carioca é essencial pela experiência em produzir uma vacina segura que já imunizou mais de 400 milhões de pessoas. “A Fiocruz é líder nessa área, está produzindo a maior parte da vacina contra febre amarela usada no mundo”, afirma. O segredo do sucesso deve estar, em sua opinião, no fato de ser uma vacina viva, com vírus ativos embora atenuados – e por isso incapazes de causar a doença. Algum elemento dessa atividade viral, que ainda precisa ser desvendado, pode também ser responsável pelo sucesso da vacina modificada em ajudar os macacos a combaterem o SIV.
“Nosso estudo aponta um novo caminho possível, não mais focado em anticorpos, mas em controle da replicação do vírus mediante a indução da produção de células T CD8 protetoras pelo organismo”, explicou Myrna à assessoria de imprensa da Fiocruz. “É como se, na rodovia do estudo de vacinas para a Aids, estivéssemos fixando uma placa nova, apontando para um novo caminho, baseado na abordagem celular.”

Canavial mais limpo


Emissões do pior gás causador do efeito estufa pela cana-de-açúcar são menores do que se estimava


As emissões diretas de gases causadores do efeito estufa na plantação de cana-de-açúcar são bem inferiores às estimadas na literatura científica internacional. Esse é o principal resultado de um estudo de campo feito por um grupo de cientistas de diferentes universidades e centros de pesquisa nacionais em canaviais paulistas. O foco do levantamento, publicado no periódico Global Change Biology Bioenergy, foi a emissão de óxido nitroso (N2O), considerado o mais deletério gás de efeito estufa, quase 300 vezes mais prejudicial ao ambiente do que o dióxido de carbono (CO2) e com grande persistência na atmosfera. A fonte de geração de óxido nitroso em canaviais são os fertilizantes nitrogenados usados pelos agricultores para fazer a planta crescer. Os resultados dos pesquisadores são importantes porque, caso as emissões de óxido nitroso fossem muito elevadas, o etanol feito a partir da cana teria seus benefícios ambientais questionados. O Brasil é o maior produtor mundial da planta, com um volume anual de 596 milhões de toneladas.
“O objetivo do nosso trabalho foi traçado em razão de uma publicação de 2008 do cientista holandês Paul Crutzen, prêmio Nobel de Química de 1995, em que ele afirma que os fatores de emissão de óxido nitroso em culturas destinadas à produção de biocombustíveis seriam superiores a 3%, podendo chegar a 5%, afetando diretamente o clima do planeta”, diz a engenheira agrônoma Janaína Braga do Carmo, coordenadora da pesquisa e professora do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em Sorocaba, no interior paulista. Outro prognóstico, feito por especialistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), apontava um fator de emissão mais baixo, em torno de 1%.

Fotografias da natureza


O concurso Veolia Environmental Wildlife Photographer of the Year Competition  anunciou os vencedores  de sua competição anual para premiar as melhores fotografias da natureza em 2012. Separando as imagens em diversas categorias, cem fotos foram escolhidas dentre 48 mil inscritas.

melhores fotos da natureza pinguins
melhores fotos da natureza lagoa

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Casa da Ciência promove visita virtual ao CERN

No dia 25 de outubro, os alunos do programa Adote um Cientista da Casa da Ciência participarão de uma visita virtual ao ATLAS, experimento realizado pelo CERN, Centro Europeu de Pesquisa Nuclear. Usando ferramentas de videoconferência, os participantes poderão conversar com o pesquisador Denis Oliveira Damazio, enquanto conhecem a sala de controle do ATLAS e tiram dúvidas sobre o experimento. Acompanhados aqui no Brasil pelo pesquisador Marco Leite, os alunos terão a oportunidade de conhecer o trabalho realizado neste grande centro mundial de pesquisas voltadas ao estudo das partículas.
O CERN foi fundado em 1954 e fica na fronteira entre a Suíça e a França.
O ATLAS é um experimento da física de partículas que analisa as colisões produzidas pelo Grande Colisor de Hádrons (LHC) e procura por eventos compatíveis com previsões teóricas de novos modelos de descrição da natureza, além do conhecido Modelo Padrão. Recentemente, o ATLAS junto com sua experiência-irmã na linha de feixes do LHC, o CMS, encontrou forte evidência de desvio do Modelo Padrão, indicando a descoberta de uma nova partícula, compatível com o chamado bóson de Higgs, prevista há mais de 40 anos pelo físico britânico Petter Higgs.
Denis explica que juntamente com as experiências que são realizadas no CERN, acontece a divulgação e popularização das informações obtidas. “Temos uma constante preocupação com a formação de indivíduos que posteriormente podem integrar nossas experiências e contribuir para a física”, conta. Atualmente, dos 3.000 pesquisadores envolvidos no ATLAS, 1.000 são estudantes de doutorado.
O CERN desenvolve diferentes programas educacionais em física de partículas, especialmente com o sistema de visitas virtuais que está sendo iniciado nesse momento com universidades brasileiras com o objetivo de aproximar pesquisadores com experiência dentro da atividade de pesquisas a estudantes de diferentes níveis.

Marco Leite é pesquisador do Laboratório de Instrumentação de Partículas do Instituto de Física da USP e o coordenador do grupo da Universidade que atua no experimento ATLAS no LHC. Graduado em Física, realizou doutorado e pós-doutorado na área de detectores e sistemas associados à Física de Partículas, com ênfase nos sistemas de calorimetria do experimento ATLAS.

Denis Oliveira Damazio é pesquisador do Laboratório Nacional de Brookhaven (BNL), nos Estados Unidos, e membro da colaboração ATLAS que coordena o grupo de software de seleção de alto nível em calorimetria do detector.
Formado em Engenharia pela UFRJ, tem doutorado pela COPPE-UFRJ, quando participou no desenvolvimento do calorímetro do ATLAS. Pós-doutorando do BNL, trabalha na detecção de raios cósmicos desde 2005 no CERN e atualmente também se dedica a atividades de divulgação científica.

Data: 25 de outubro de 2012
Horário: 14h30
Local: Anfiteatro Vermelho do Hemocentro de Ribeirão Preto - Rua Tenente Catão Roxo, 2501.



O link para os interessados em acompanhar a visita ao vivo pela internet:

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Recordações e Neurônios


Neurônio especial controla a chegada de informação do ambiente ao centro cerebral em que se formam as recordações
Células OLM infectadas com vírus que produz proteína fluorescente
Um grupo de pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e da Suécia identificou a função de um tipo especial de célula cerebral que havia sido descrito quase um século atrás pelo médico espanhol Santiago Ramón y Cajal. Essas células, que recebem o nome complicado de neurônios oriens lacunosum-moleculare (OLM), estão no hipocampo, estrutura profunda do cérebro associada à aquisição da memória. Como uma ponte que une as duas margens de um rio, os neurônios OLM colocam as células da camada mais superficial do hipocampo em contato com as das áreas mais profundas. Mas nesse tempo todo o papel dessas células permanecia obscuro. Agora, em um artigo publicado na edição de 7 de outubro da revista Nature Neuroscience, o neurocientista mineiro Richardson Leão demonstrou que os neurônios OLM são uma espécie de porteiro da memória.
“Conseguimos isolar e manipular essa população de neurônios”, conta Richardson, pesquisador do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Usando técnicas de biologia molecular, ele e pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, identificaram uma proteína que é produzida exclusivamente por esse tipo de neurônio. Em seguida, eles desenvolveram camundongos transgênicos em que marcaram essa proteína com outra vermelho-fluorescente. Eles também inseriram no animal transgênico uma terceira proteína que, acionada por pulsos de laser, colocava o neurônio em ação.
Nos experimentos, eles observaram que, uma vez ativados, os neurônios OLM bloqueavam a chegada de informações sensoriais do ambiente ao hipocampo e acionavam os mecanismos químicos de recuperação das informações armazenadas no cérebro. Um exemplo pode ajudar a entender. Quando alguém caminhando na rua vê um conhecido, a informação captada pelos olhos chega à região mais superficial do hipocampo. É aí que os neurônios OLM entram em ação. Ao transferir essa informação para a área mais profunda, esses neurônios ativam o mecanismo de recuperação da memória – que permite, por exemplo, lembrar quem é mesmo o fulano –, mas impedem a chegada de mais dados do ambiente. “Os neurônios OLM desligam um circuito e ligam outro”, conta Richardson, que também trabalhou em colaboração com pesquisadores da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos.
Artigo científico
LEÃO, R. N. et al. OLM interneurons differentially modulate CA3 and entorhinal inputs to hippocampal CA1 neurons. Nature Neuroscience. 7 de out. 2012.
Leia mais no artigo: O porteiro da memória de RICARDO ZORZETTO 

Células-tronco novo Nobel de Medicina

John Gurdon 

John Gurdon e Shinya Yamanaka mostraram que células adultas podem voltar a estágio imaturo
Inaugurando a série de anúncios do prestigioso Nobel, o Instituto Karolinska, na Suécia, anunciou hoje (8/10) pela manhã o prêmio de Fisiologia ou Medicina. Os ganhadores são o britânico Sir John Gurdon e o japonês Shinya Yamanaka, por mostrarem que células maduras podem ser reprogramadas e se tornarem outra vez pluripotentes, ou capazes de gerar uma série de tecidos diferentes do organismo.

Por coincidência, este ano comemora o cinquentenário de dois acontecimentos centrais na premiação: o artigo em que Gurdon estabeleceu os alicerces da descoberta e o nascimento de Yamanaka. “Tive sorte de sobreviver o suficiente para ter essa incrível honra”, disse o britânico em entrevista a Adam Smith, do site do Nobel. O pesquisador ainda era estudante de pós-graduação quando substituiu núcleos imaturos de óvulos de rãs pela mesma estrutura retirada de células intestinais adultas. O grande achado foi verificar que os óvulos alterados deram origem a girinos normais, prova de que mesmo células maduras têm toda a informação genética necessária para desenvolver um organismo inteiro. Na época, não havia perspectiva de benefício imediato para a pesquisa. O objetivo era entender como funcionam as células e o desenvolvimento do organismo. E a meta continua sendo essa para o premiado, agora líder de um grupo de pesquisa no Instituto Gurdon, um órgão da Universidade de Cambridge dedicado a pesquisas em biologia do desenvolvimento e do câncer.
Shinya Yamanaka

Shinya Yamanaka espera que descobertas tenham aplicação clínica
Trabalhando em cima das bases lançadas no ano em que nasceu, Yamanaka mostrou em 2006 que bastava inserir quatro genes específicos numa célula madura para que ela voltasse a ser versátil, ganhando o nome de célula-tronco pluripotente induzida (iPS). A descoberta abriu caminhos importantes para se investigar o funcionamento de doenças e potencialmente desenvolver novas terapias. É possível, por exemplo, reprogramar células da pele de um paciente e cultivá-las em laboratório para entender como a doença se desenvolve em outros tecidos. A aplicação clínica é a motivação do laureado japonês da Universidade de Kyoto. Ele começou a carreira como cirurgião, mas se confessa pouco talentoso. Como pesquisador, ainda pensa como médico e quer ajudar tantos pacientes quanto for possível.


Leia mais na matéria de MARIA GUIMARÃES - Revista Pesquisa Fapesp com o título: Células-tronco rendem Nobel de Medicina a britânico e japonês


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Parasitas


Existem muitas coisas na natureza que ainda não conhecemos, por isso sempre somos surpreendidos ao ler sobre, por exemplo, estranhos parasitas que habitam a natureza. 

Seria possível que estes seres pudessem substituir orgãos, criar chifres, dominarem a mente e o sistema nervoso de suas vítimas? A relação abaixo mostra os parasitas capazes de fazerem tudo o que foi descrito acima... 

01. Cymothoa exigua
Um terrível parasita encontrado no Mediterrâneo come a língua dos peixes, se aloja em seu lugar e vive ali até o resto da vida se alimentado de sangue. O pior é que este estranho ser esta se espalhando cada vez mais e infectando muitos peixes jovens. Biólogos afirmam que o parasita não representa risco concreto para os seres humanos, porém os peixes são influenciados pelo bicho e tem sua expectativa de vida reduzida.


02. Ophiocordyceps unilateralis
Este parasita encontrado nas formigas, costuma invadir o corpo de seu hospedeiro através das vias respiratórias e vai devorando partes não vitais de sua vítima até crescer suficientemente para instalar um filamento na cabeça de suas vítimas, como se fosse um chifre. Daí então lança esporos para infectar novas formigas.



03. Leucochloridium paradoxum
Este parasita costuma se espalhar através das fezes de aves infectadas que, em contato com caramujos invadem seu corpo e, depois de se alimentarem do tecido do molusco, crescem fazendo surgir antenas coloridas e chamativas que interagem com o sistema nervoso. Depois os caramujos são devorados por aves e o ciclo volta a ocorrer..


04. Tricuspidatus Paragordius
 Este verme é um parasita, que após crescer no interior de grilos, interage com o sistema nervoso de suas vítimas os fazendo cometer suicídio saltando na água. A intenção do verme é procurar um parceiro no ambiente aquático para se reproduzir.


05. Ampulex compressa
A vespa fêmea desta espécie ataca a barata inoculando um veneno poderoso no corpo de sua vítima, então ela coloca um ovo no interior do inseto e, ainda sobre o efeito do veneno inserido pela vespa, a barata é conduzida como um fantoche até um ninho onde o ovo irá chocar e devorá-la anda viva.

Veja mais em: Os 5 parasitas mais bizarros encontrados na natureza

Nosso estoque de sangue do tipo RH negativo está crítico. Convocamos os doadores de sangue de todos os tipos sanguíneos, principalmente os de RH NEGATIVO, para comparecerem em uma das unidades do Hemocentro RP.
0800 979 6049

Caso necessitem de palestras ou alguma outra divulgação para esclarecimentos e realizar mobilizações, nos colocamos à disposição!

Agende seu grupo! Temos disponibilidade de transporte(van) do Hemocentro RP durante a semana para buscar e levar os doadores ao local programado.

Seguem os critérios para doação de sangue:


  • Ter entre 18 e 67 anos; pessoas com 16 e 17 anos podem doar mediante autorização dos pais assinada aqui no Hemocentro RP
  •  Estar gozando de boa saúde;
  • A primeira doação deve ser antes dos 60 anos;
  • Homem ter mais de 50kg; pode doar a cada 60 dias, até quatro vezes ao ano;
  • Mulher ter mais de 51kg; pode doar a cada 90 dias, até três vezes ao ano;
  • Apresentar documento oficial com foto: RG, CNH, Carteira Profissional. Caso possua Cartão SUS, apresentá-lo também;
  • Dormir bem pelo menos 6 horas antes da doação;
  •  Evitar o jejum. Fazer refeições leves e não gordurosas. Após o almoço, esperar três horas para doar.

 Hemocentro Campus
Das 7h00às 13h00, atendimento de domingo a sábado, inclusive feriados.
Rua Tenente Catão Roxo, 2501 – Monte Alegre
  
Posto de Coleta
Das 7h00 às 19h00 de segunda à sexta-feira, aos domingos e feriados das 7h00 às 13h00, fechado aos sábados.
Rua Quintino Bocaiúva, 470 - Centro