terça-feira, 30 de outubro de 2012

O cronômetro do cérebro


Compostos encontrados no sangue podem indicar o grau de envelhecimento cerebral


© NELSON PROVAZI
Um grupo de pesquisadores brasileiros parece ter encontrado uma forma simples e pouco invasiva de medir o grau de envelhecimento do cérebro. Em estudos com roedores e com seres humanos, eles observaram que o nível de três compostos encontrados em células do sangue pode refletir a saúde das células cerebrais. A expectativa é que, caso os testes que ainda precisam ser realizados sejam bem-sucedidos, se chegue a uma forma de identificar doenças neurodegenerativas como o Alzheimer e o Parkinson nos estágios bem iniciais, antes de os sinais clínicos surgirem.
“Encontramos no sangue de pessoas com essas doenças um conjunto de compostos que indicam a produção excessiva de substâncias tóxicas no cérebro”, explica o farmacologista Cristoforo Scavone, chefe do Laboratório de Neurofarmacologia Molecular no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) e um dos coordenadores da pesquisa.

Anticorpos contra Aids


Pesquisa indica tratamento promissor contra o vírus HIV-1

MARIA GUIMARÃES | Edição Online 10:19 25 de outubro de 2012. Revista Pesquisa Fapesp

Uma combinação de anticorpos ultrapotentes pode ser um novo rumo para combater o vírus causador da Aids, HIV-1, segundo mostra artigo na Nature desta semana (25/10) liderado pelo imunologista brasileiro Michel Nussenzweig.
Pesquisador da Universidade Rockefeller, em Nova York, Nussenzweig há anos busca formas de usar anticorpos como base de uma vacina contra o HIV (ver Coquetel de anticorpos). Mas o medicamento a que chegou agora não é uma vacina. “Para isso, teríamos que ensinar o sistema imunológico”, explica, “trata-se de um tratamento passivo”. O segredo para uma batalha bem-sucedida pode estar no uso de conjuntos de anticorpos que ataquem diferentes partes do vírus, dificultando a corrida evolutiva na qual os microrganismos costumam ganhar dos pesquisadores.

Histórias para contar


Acesso a documentos digitalizados ajuda a reconstituir os percursos da divulgação científica no Brasil

© REPRODUÇÃO
O acesso direto a documentos dos séculos XIX e XX, largamente facilitado pela digitalização recente dos arquivos de importantes veículos de comunicação, e novos estudos de caso podem mudar dentro de algum tempo a percepção mais corrente sobre a história da divulgação e do jornalismo científico no Brasil. Em vez de um percurso marcado por algumas poucas ondas localizadas de intensa difusão, seguidas por prolongados silêncios, é possível que se possa reconstruir nesse campo um caminho mais contínuo ao longo de dois séculos, mesmo que muito estreito em determinados trechos e mais alargado em outros. “Ainda que por ora não devamos jogar fora a noção da existência de ondas de divulgação científica no país, numa linha semelhante à que o pesquisador inglês Martin Bauer apontou para a Europa, talvez tenhamos que revê-la à luz de novos dados oferecidos pela pesquisa empírica”, diz Luisa Massarani, diretora do Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz, que junto com Ildeu de Castro Moreira vem estudando sistematicamente essa área desde 1997. É possível, ela admite, que muito do que até aqui se toma como lacunas na atividade de divulgar e reportar temas científicos no Brasil corresponda, na verdade, a lacunas do conhecimento histórico a seu respeito.

Tome-se, a propósito, no quesito dos achados propiciados pela digitalização de arquivos, o caso de O Estado de S. Paulo – A Provincia de São Paulo, até 1890 – e, numa busca preliminar por notícias sobre assuntos científicos, com não muito esforço se há de constatar, como o fez o jornalista Carlos Fioravanti, editor especial de Pesquisa FAPESP, que já em 1875, ano de criação do importante jornal paulista, uma certa “Secção Scientifica” aparecia em sua primeira página.